Nos séculos 16 e 17, encontramos mapas bastante diferentes do Espírito Santo. Alguns são meros rascunhos, com cartuchos ou rosas dos ventos incompletas, outros cuidadosamente desenhados, com cores vivas que resistiram ao tempo. O solo muda de cor, as árvores se espalham pelos mapas ou diminuem em quantidade, os morros e rios ora ganham formas realistas, ora figurativas.
Tudo isso desaparecerá em seguida, no século 18. Naquela época, Portugal diminuiu o espaço então dado aos cartógrafos e passou a valorizar a engenharia militar, que, com um novo estilo de mapas e com novos objetivos, viria a suplantar a cartografia como ela existia até então. Esses engenheiros se fortaleceram no período pós-Restauração Portuguesa (1640): os mapas de estado se tornariam, finalmente, um assunto reservado aos militares. Por fim, os engenheiros fizeram o que os cartógrafos não fizeram: viajaram ao redor do Brasil, mapearam o interior e preencheram a colônia.
Essa mudança de foco, estilo e período cartográfico a partir do final do século 17 faz com que a cartografia do Espírito Santo que vimos nesta exposição seja única, particular. Ainda assim, esse é um período pouquíssimo estudado pela historiografia brasileira e capixaba, mas indispensável para qualquer historiador interessado no século 17 em geral e na História do Espírito Santo, em particular. Uma história não só escrita, porque a escrita apenas não basta, mas uma história visual, construída a partir de mapas que nos permitem ver (se nos rendermos às crenças da modernidade) aqueles anos Seiscentos.