Apresentação
Durante o Mestrado em História Social cursado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2009-2011), estudei a crença e as representações da lendária Serra das Esmeraldas no século XVII, além das disputas sociais e políticas pelas cartas patentes que davam a permissão oficial para sua busca, na Capitania do Espírito Santo. Foi durante essa pesquisa que encontrei o material que me motivou a fazer o doutorado, composto por um conjunto de imagens cartográficas da capitania, feitas nos séculos XVI e XVII. Elas foram utilizadas, durante o mestrado, para demonstrar a presença da serra no imaginário colonial e metropolitano português nos Seiscentos.
Esses mapas deram início a um arquivo cartográfico sobre o Espírito Santo. Junto com as dezenas de outros mapas aos quais tive acesso desde 2011, dei forma ao conjunto que se tornou as fontes principais de uma pesquisa que durou quatro anos. Nunca antes houve um estudo tão abrangente da cartografia de nossa capitania. Por isso, esse é um assunto de extrema relevância para o Estado e para o povo capixaba.
É comum o argumento de que não há fontes históricas suficientes para que sejam feitos trabalhos de fôlego sobre o período colonial do Espírito Santo. Por exemplo, enquanto encontramos textos que discutem o século XVI e a presença do primeiro donatário, Vasco Fernandes Coutinho, na capitania, é muito comum observar um estranho salto temporal para fins do século XVIII e início do XIX, com o argumento de que não há fontes para análise do período intermédio.
Alguns pesquisadores, por outro lado, como o paleógrafo e historiador João Eurípedes Franklin Leal, se esforçam para comprovar que isto é um erro. No posfácio da nova edição da História do Estado do Espírito Santo (2008), de José Teixeira de Oliveira, Leal afirma: “Documentos não faltam, a história do Espírito Santo necessita de pesquisas e de publicações”.
Na abertura do mesmo livro, o historiador capixaba Luiz Guilherme Santos Neves chama a atenção para o assunto e escreve que “poucos foram os historiadores que se abalançaram à proeza de escrever narrativas históricas sobre o Espírito Santo, nos quase cinquenta e cinco anos seguintes à [primeira] edição da obra de José Teixeira” – edição que só aconteceu, é importante notar, graças ao apoio governamental que foi dado à obra, sem o qual ela provavelmente nunca teria sido.
Assim, tentei humildemente preencher essa lacuna na história do Estado do Espírito Santo, lançando nova luz sobre a própria história do Brasil Colonial e demonstrando que há sim fontes e assuntos a serem estudados e conhecidos. Acredito esse estudo é de extrema importância para compreender a Capitania do Espírito Santo e também para entender seu desenvolvimento social e a compreensão que a Europa tinha do Espírito Santo naquele período, já que os mapas compunham grande parte do conhecimento que se tinha das colônias, acompanhados de dados estatísticos e econômicos.
E para fazer uma análise aberta e flexível desses mapas, é preciso ainda utilizar textos, crônicas dos viajantes portugueses que estiveram na América, roteiros de navegação e cartas, além de relatórios e documentos oficiais que complementam as informações cartográficas. Mais do que entender o mapa, precisamos conhecer seu contexto, a cultura e sociedade em que o mapa foi pensado e construído. Afinal, é preciso cruzar diversos conhecimentos e análises, de diferentes áreas de estudo, para conseguir desvendar os segredos que esses mapas guardam em si.
Assim, esse foi o meu objetivo. Os leitores encontrarão aqui um ensaio base para o conhecimento da cartografia da Capitania do Espírito Santo feita nos séculos XVI e XVII, baseado em 50 mapas de grande importância para os governos europeus da. Acredito que a leitura deste livro pode ampliar os horizontes da historiografia capixaba e brasileira quanto ao Espírito Santo colonial e abrir espaço para muitas outras perguntas que faltam ser respondidas.
Os mapas apresentados aqui de forma cronológica permitem mostrar como a representação cartográfica de todo o Espírito Santo se desenvolveu com o passar dos primeiros séculos da colonização e como se deu a expansão do espaço cartografado nesse período. Acredito que essa ampliação está diretamente ligada ao crescimento do interesse pelo Brasil, e consequentemente pelo Espírito Santo, por parte dos governos europeus. Afinal, o que aparece nos mapas nada mais é do que aquilo que seus patronos desejam ver ali.
Inicialmente, tentei estabelecer um ponto de vista que valorizasse esses mapas como fontes primárias em um estudo abrangente e detalhado sobre a região e o período. Agora, gostaria que essa cartografia fosse valorizada não só por pesquisadores e historiadores, mas por todos os que se interessam por mapas e pela História do Espírito Santo. Espero que o leitor tenha uma boa leitura, e me mantenho aberto a todos aqueles interessados em levar a discussão sobre esses mapas adiante, agregando conhecimento e qualidade a esse texto.
Introdução
01 - 02 - 03
Mapa 01
Terra Brasilis: Tabula hec regionis magni Brasilis, de Lopo Homem, Pedro Reinel e Jorge Reinel (1519)
Mapa 03
Descriptionis Ptolemaicae augmentum, de Corneille Wytfliet (1597)
Os Primeiros Mapas da Ilha de Vitória
04
Mapa 04
Roteiro de todos os sinais, conhecimentos, fundos, baixos, alturas, e derrotas que há na costa do Brasil desde o cabo de Santo Agostinho até ao estreito de Fernão de Magalhães, de Luis Teixeira (ca. 1590)
05
Mapa 05
Capitania do Espirito Sancto, autoria desconhecida (Século XVII)
07
Mapa 07
Brasilia (1624)
A expansão dos mapas do Espírito Santo
08 - 09
Mapa 08
Carta da costa brasileira entre Porto Seguro e Espírito Santo (1612)
Mapa 09
Figura dos Abrolhos [e do Espírito Santo e Porto Seguro] (1612)
10 - 11 - 12
Mapa 10
Demostração da Capitania do Spirito Santo atte a ponta da barra do Rio Doçe no qual parte cõ Porto Seguro… (ca. 1616)
Mapa 11
Demostração da Capitania do Espirito Santo até aponta da Barra do rio doçe no qual parte cõ Porto Seguro… (ca. 1626)
Mapa 12
Geographica demõstração da Capitania do Espirito Santo até a ponta da Barra do rio doçe no qual parte cõ Porto Seguro… (ca. 1627)
13
Mapa 13
Porto do Spirito Santo, no estado do Brasil (1630)
14 - 15 - 16
Mapa 14
Capitania do Spirito Santo (1631)
Mapa 15
Capitania do Spirito Santo (1631)
Mapa 16
Capitania de Porto Seguro (1631)
O Espírito Santo na Restauração Portuguesa
17 - 18 - 19 - 20 - 21 - 22 - 23 - 24 - 25
Mapa 17
Do Cabo de S. Tomé às Ilhas de Goropary (1640)
Mapa 18
Do Porto do espírito Santo à Ponta do rio Doce (1640)
Mapa 19
Do rio Doce até a ponta de Agasuipe (1640)
Mapa 20
Do cabo de S. Thome até o Morro de João Moreno (1640)
Mapa 21
Do porto do Espirito Santo athe a ponta a que chamão do rio doce (1640)
Mapa 22
Do rio doce athe a ponta de Agasuipe (1640)
Mapa 23
Do cabo de S. Tome ate o Morro de João Moreno (1640)
Mapa 24
Do porto do spirito santo até a ponta a que chamão do rio doce (1640)
Mapa 25
Do rio doce ate a ponta do Agasuipe (1640)
26 - 27 - 28 - 29 - 30 - 31
Mapa 26
[Mapa da costa do Brasil entre o Cabo de S. Tomé e o Morro de João Moreno] (1642)
Mapa 27
[Litoral do brasil entre o Morro de João Moreno e a Ponta do rio Doce] (1642)
Mapa 28
[Mapa da costa do brasil entre a Ponta do rio Doce e a Ponta de Aguasuipe] (1642)
Mapa 29
[Do Cabo de São Thome ate o morro de João Moreno no Spirito Santo] (1646)
Mapa 30
[Do Spirito Santo ate a ponta do rio Doce] (1646)
Mapa 31
[Da ponta do rio Doce ate os Abrolhos] (1646)
32 - 33
O Espírito Santo no fim do século XVII
34 - 35 - 36 - 37 - 38 - 39
Mapa 34
Costa do Sprito Santo ao Cabo d: S: Thome (1666)
Mapa 35
Demostração do Sprito Santo (1666)
Mapa 36
Costa dos Abrolhos ao Rio doce (1666)
Mapa 37
Demostração do Morro de Ioão Moreno ao Cabo de S. Thome (1666)
Mapa 38
Demostração do Rio Dose ao Porto do Spirito Santo (1666)
Mapa 39
Demostração da Ponta de Agasvipe ao Rio Dose (1666)
40 - 41 - 42 - 43 - 44 - 45
Mapa 40
Demostrasaõ do Cabo de Saõ Thome athe o Spirito Santo (1670)
Mapa 41
Demostrasaõ do Spirito Santo athe o Rio Doçe (1670)
Mapa 42
Demostrasão do Rio Doce athe a Ponta de Agasuipe (1670)
Mapa 43
Demostrasaõ do Cabo de Saõ Thome athe o Sprito Santo (1675)
Mapa 44
Demostrasaõ do Sprito Santo athe o Rio Doçe (1675)
Mapa 45
Demostrasão do Rio Doce athe a Ponta de Agasuipe (1675)
Os mapas impressos do final do século XVII
46 - 47
Mapa 46
Carta Particolare della Brasilia, che Comincia con il Capo S: Antonio et Finisce con il Porto del’Spirito Sancto (1646)
Mapa 47
Carta Particolare della Brasilia, che comincia dal Porto del’Spirito Sancto è finisce con il capo Bianco (1646)
48
Mapa 48
Pas-Kaart van de zee-kunsten van Brazilia, tusschen Rio das Contas en Cabo S. Thome (ca. 1680)
49 - 50
Mapa 49
Selecionar Provincie Dello Spirito Santo e di Porto Sicuro (1698) Provincie Dello Spirito Santo e di Porto Sicuro (1698)
Mapa 50
Selecionar Provincie Dello Spirito Santo e di Porto Sicuro (1698) Provincie Dello Spirito Santo e di Porto Sicuro (1698)