Referência

[Mapa da costa do Brasil entre o Cabo de S. Tomé e o Morro de João Moreno]. [Escala ca 1:617 000]. 1 mapa: manuscrito, color.; 37,10 x 22,90 cm. In: Descripção de toda a costa da Provinsia de santa Cruz a que vulgarmente chamão Brasil. 1642. – Fol. 35-36. – João Teixeira Albernaz, o Velho. – Pert.: Biblioteca da Ajuda, Lisboa. Disponível em: . Acesso em: .

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Créditos

Biblioteca da Ajuda, Lisboa

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Este mapa encontra-se no Descripção de toda a costa da Provinsia de santa Cruz a que vulgarmente chamão Brasil. 1642, cuja autoria é de João Teixeira Albernaz, o Velho. Ele é acompanhado de mais dois mapas do Espírito Santo. A obra está na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, Portugal.

Junto com o mapa, há a seguinte descrição:

Do Cabo de Saõ Thome que está em altura de 22 graos uai a Costa ao Norte trinta e seis legoas atté o Morro de Joaõ moreno. que he hum Monte, que está junto ao Porto do SPIRITO Santo, em altura de 20 graos. e hum quarto em toda esta Costa naõ temos Porto notauel mais que o rio Iriritiba, em que podem surgir carauellas e ao Norte delle oito legoas outro rio. com tres ilhas na entrada delle que correm de Noroeste suelte entre ellas podem surgir nauios. que demandem fundo de quatro braças chamaõ a estas ilhetas de Goropari. tomando o nome de huã povoaçaõ que esta sinco legoas pollo rio asima, em todo este espasso de terra não temos outra Pouoação.

Os topônimos presentes no mapa são:

  1. Cabo de São thome; Parçel que Bota sinco legoas ao Mar
  2. Lagoa Paraýba de grande Pescaria
  3. rio Por donde entraõ os que vão pescar na Lagoa Parayba
  4. Monte Aga
  5. Barreiras Vermelhas
  6. rio Iriritiba
  7. onde surgem Caravelas
  8. Serra de Goropary
  9. Ilhas de Goropary
  10. Engenho de Marcos Fernandez Monsanto
  11. Goropary
  12. Caza da Fruta
  13. Ilha escalvada
  14. Morro de Ioaõ moreno

Das obras sobre o Brasil de João Teixeira Albernaz, o Velho, esta é a última que se tem notícia. Ela está na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa e foi feito no ano de 1642. Com o título de Descrição de toda a costa da província de Santa Cruz…, ele segue à risca o padrão usado em 1640. Possui 23 cartas e um grande número de folhas em branco.

Em 1642, o cartógrafo utiliza uma cor mais esverdeada para o terreno, completando os morros com detalhes em dourado. Aqui, as árvores aparecem em maior número, sempre em alguma elevação, mesmo que pequena. Em ambos os mapas, a numeração presente é vermelha. Essa numeração aparece mais no mapa da região a sul de Vitória, onde há ainda outras informações.

Sobre essa obra, há uma carta de fins do século XVII, escrita pelo cartógrafo Manuel de Pimentel. É uma crítica ao trabalho de Albernaz, bastante detalhada quanto a posições de alguns elementos espalhados por todos os mapas. Segundo Pimentel, a maior parte das distâncias e rumos apontados nos mapas estariam errados, principalmente em relação à linha de demarcação das terras de Portugal e da Espanha[1]. Para justificar o erro, afirma que entende “que foy copiado de laguma carta flamenga, que na Costa do Brasil naõ saõ tam ajustadas como as portuguesas modernas”. Continuando a crítica a Albernaz, o Velho, afirma que suas cartas não tem a mesma certeza e exatidão das cartas posteriores de Albernaz, o Moço, que teria encontrado os mesmos erros nas cartas de seu avô.

Pimentel encerra o assunto dizendo que “agora estaõ fazendo padrois de todas as coisas das Conquistas de Portugal, por ordem de Sua Magestade, que sera obra de estimação”. Isso porque, segundo ele, essas novas cartas iriam resolver os “defeitos” das cartas mais antigas, que não seriam “mais que boas pinturas e illuminaçõis”[2].

De fato, há equívocos nos mapas de Albernaz. Vimos alguns no tópico anterior, por exemplo. Em certos lugares, o cartógrafo parece fazer alguma confusão com os topônimos: o rio Doce aparece onde antes havia o “Riacho” (este é o único erro a aparecer no rascunho de 1646, que ignora alguns dos topônimos citados a seguir); e onde normalmente – e corretamente – deveria estar o rio Doce, lê-se “rio dos reis magos”; e como veremos nos mapas das proximidades de Vitória, o verdadeiro rio dos Reis Magos aparece apenas no rascunho de 1646.

Mas a forte crítica ao trabalho do cartógrafo tem uma justificativa: Manuel de Pimentel fazia então parte do grupo de cartógrafos portugueses que tentavam solucionar os conflitos políticos entre portugueses e espanhóis sobre a Colônia de Sacramento no sul da América. Os espanhóis usaram uma cópia do atlas de 1630 de João Teixeira para justificar sua opinião, o que, segundo Cortesão e Mota, teriam feito Pimentel rebaixar o valor da obra a fim de desqualificá-la.

Isso fica claro, segundo os autores, porque “o raciocínio que expõe no seu parecer está aleivosamente viciado, por se dirigir particularmente a tal cartógrafo, quando o erro que aponta era comum às obras portuguesas da época de João Teixeira Albernaz, o Velho e ainda de período muito posterior”[3]. Na verdade, cartógrafos de fim do século e inclusive o Albernaz, o Moço, que Pimentel elogia, cometem alguns dos mesmos erros.

Os mapas estão em folhas de pergaminhos. Os limites do terreno possuem uma coloração amarelada, mais escura que a cor da folha. Não há mais nenhuma cor além dos traços da tinta da pena, que delimita o terreno e o relevo em geral – aqui reduzido praticamente a poucos morros perto do litoral. As descrições estão dentro do mapa, no terreno, sem o cuidado de um cartucho nem de qualquer padrão. No mar, há a rosa dos ventos, de onde saem as linhas de rumos, e a escala de léguas, incompleta. Estes elementos cartográficos estavam presentes já nos mapas anteriores, porém coloridos.

Nesta obra, este mapa é acompanhado de mais dois mapas do Espírito Santo, como pode ser visto abaixo. Cada um deles é acompanhado de uma página com uma descrição do mapa. Clique para acessar informações de cada um:

 

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