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Este mapa encontra-se no [Atlas da costa do Brasil], cuja autoria é de João Teixeira Albernaz, o Velho. Ele é acompanhado de mais dois mapas do Espírito Santo. A obra está na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa.
Junto com o mapa, há a seguinte descrição:
Continua-se a Costa do cabo de São thome Ate o morro de João Moreno no Spirito Santo . Em toda esta costa não ha porto natural, mais que o rio goropary na barra do qual estão três ilhas pequenas; e entre ellas e Acima esta hum bom surgidouro com quatro e seis braças de fundo, e mais para o lado o rio Iriritiba donde podem entrar Caravelas. Toda esta costa he despouoada, e assim ficam sendo de pouco proueito.
Os topônimos presentes no mapa são:
- Canal para barcos
- Lagoa de grande pescaria
- monte Aga
- Barreiras vermelhas
- rio Iriritiba
- onde surgem Caravellas
- Serras de Goropary
- Ilhas de goropary
- Engenho de fernandez Monsanto
- Goropary
- Caza da fruta
- Ilha Escalvada
- Morro de joaõ moreno
A obra de 1646, portanto, é relativamente diferente das anteriores, feitas na mesma década. Por estarem dentro da própria carta, sua descrição é reduzida, mas ainda traz informações relevantes.
No primeiro mapa, que vai do Cabo de São Tomé até o Porto do Espírito Santo, está escrito que nessa parte da costa é totalmente despovoada e, por isso, de pouco proveito. Essa informação entra em conflito com o que lemos anteriormente, sobre a povoação de Guarapari e também da aldeia de Reritiba.
Ao sul, encontramos a lagoa da Paraíba. No mapa de 1640 está escrito que “Neste rio Entrão os barcos que vão pescar nesta Lagoa daparayba, e passão por terra os barcos e os metem na lagoa pera pescarem e depois os tornão ao rio pera sairem pera fora”. No rascunho de 1646 e em muitos posteriores, lê-se que este é um local de grande pescaria. Alguns autores da época apontam que muitos índios habitavam a região.
Mais uma vez, não está presente na descrição, mas a cartografia de Albernaz mostra que há duas grandes ilhas em uma foz que recebe o nome de “Prayua”. Este topônimo foi alterado nos mapas seguintes até tornar-se, definitivamente, Paraíba. Nestas ilhas os índios temiminós teriam, de acordo com Knivet, muitas aldeias fortificadas com muros feitos de pedra[1].
A lagoa da Paraíba continuará aparecendo nos mapas posteriores de Albernaz, assim como também apareceu em 1640. Seu destaque nos mapas e nos textos da época são um atestado à sua importância. Isso traz à tona um assunto que considero de grande importância: o alegado vazio demográfico nos mapas europeus da América, especificamente as obras portuguesas sobre o Brasil. Afinal, por que os mapas não falam nada sobre a presença indígena na lagoa da Paraíba, quando os textos da época dão grande importância aos conflitos que ocorriam ali entre índios e colonos? Há mesmo esse vazio? Ou está o indígena presente de outras formas? Explorarei melhor esse assunto no último capítulo.
Nesta obra, este mapa é acompanhado de mais dois mapas do Espírito Santo, como pode ser visto abaixo. Cada um deles é acompanhado de uma página com uma descrição do mapa. Clique para acessar informações de cada um: