Referência

Do rio doce athe a ponta de Agasuipe. [Escala ca 1:600 000]. 5 léguas = [7cm].. 1640. 1 mapa em 1 bifólio : ms., color., papel ; 23,5x37,5cm, em folha de 29,6x41,6cm. In: Descripção de Todo o Maritimo da Terra de S. CRVZ chamado vulgarmente o BRASIL. Feito por João Teixeira cosmographo de Sua Magestade. Anno de 1640. – 1640. – Fol. 13. - João Teixeira Albernaz, o Velho. - Pert.: Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Disponível em: . Acesso em: .

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Créditos

Ministério das Relações Exteriores do Brasil

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Este mapa encontra-se no Descripção de Todo o Maritimo da Terra de S. CRVZ chamado vulgarmente o . Feito por João Teixeira cosmographo de Sua Magestade. Anno de , cuja autoria é de João Teixeira Albernaz, o Velho. Ele é acompanhado de mais dois mapas do Espírito Santo. A obra está no Ministério das Relações Exteriores do Brasil, no .

Junto com o mapa, há a seguinte descrição:

Do athe a ponta de Agasuipe, que esta na altura dos Abrolhos, he terra despouoada e sem proveito, só tem algum pao Brasil: a costa corre se ao norte 28 legoas, em todas ellas naõ temos Porto, nem surgidouro algum. toda costa braua: mostrase o principio do dos abrolhos, e ilhas de Santa Barbora entre ellas podem surgir em cinco braças.

Os topônimos presentes no mapa são:

rio doce donde acaba a Capitania do Spirito Santo e Começa a de porto Seguro

rio dos Reys magos

Serra do rio doce

rio coruroipe

rio Peruipe

rio Peruipe (sic)

rio da Carauelas

Ponta de Agasuipe

este canal tem 12 legoas de largo

Ilhas de Santa Barbora

Abolhos

Sobre a região norte do Espírito Santo, pela primeira vez há um terceiro mapa para representar a terra ao norte do rio Doce, entre ele e a “ponta de Agasuipe” (hoje, ponta da Baleia), já que antes esta região se encontrava comprimida em mapas que iam a . Essa nova divisão permitiu que o território da Capitania fosse reproduzido em maior escala.

Aqui, por exemplo, há pela primeira vez a “Serra do rio Doçe”. Ela normalmente aparece no interior, nas proximidades do rio, sem qualquer outra informação. Os mapas mais antigos, até , davam mais destaque a essas serras, pois elas parecem corresponder às serras onde Albernaz apontava a existência de esmeraldas. De 1640 em diante, parece haver menos detalhes do sertão. O velho caminho que seguia pelo rio Doce acima até encontrar a lagoa e as esmeraldas não é mais citado.

Mais ao norte, veem-se duas grandes ilhas entre os rios Peruípe e das Caravelas, e também os abrolhos se espalhando pelo oceano.  O rio Caravelas mantém o nome ainda hoje, além de emprestar seu nome à cidade que fica em sua foz. Pouco ao norte, os mapas mostram uma Ponta de Agasuipe, que hoje recebe o nome de Ponta da Baleia[1].

A oeste do Caravelas, a poucos quilômetros de distância, há os Abrolhos. De acordo com o website do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade[2], o Arquipélago Nacional Marinho dos Abrolhos, como são conhecidos hoje, é formado por cinco ilhas: Ilha de Santa Bárbara (que aparece em diversos mapas do século XVII); Ilha Siriba; Ilha Redonda; Ilha Sueste; e Ilha Guarita.

No século XVII, a importância desse lugar e os cuidados tomados para evitá-lo continuavam. Como escreve Frédéric Mauro,

Quando o navegador se aproxima das costas do Brasil, deve temer as ilhotas ou os recifes. Os mais célebres formam o arquipélago dos Abrolhos, cerca de 18º de latitude Sul – um total de cinco pequenas ilhas de coral e rochedos emergentes, a umas trinta milhas a Sudeste da ponta da Baleia. (…) O seu nome vem, ao que se diz, do terror que inspiravam aos navios portugueses: abre olhos… – abre os olhos! Estendem-se por 180km. Os navegadores do séc. XVII têm tanto medo deles que, quando vão de Portugal para o Brasil, evitam dirigir-se para Oeste, deixando-se assim apanhar na zona de calmaria da Guiné[3].

O cuidado em desenhar essa região e o canal que existia entre os Abrolhos e o continente parece estar de acordo com as preocupações com os navegantes do período. A navegabilidade pelo litoral da exigia bastante atenção dos pilotos, mesmo com tantos elementos cartográficos, e foi motivo de roteiros de navegação nos primeiros anos de colonização.

Apesar de sua essa importância na navegabilidade da costa do Brasil, os Abrolhos aparecem na cartografia com mais destaque a partir de 1640. Neste mapa, está escrito que há um canal entre as ilhas pelo qual navios poderiam atravessar e que “Este Canal tem doze Legoas de Largo”. Pequenos abrolhos também surgem bem próximos ao litoral, entre a Ponta de Agasuipe e o rio Peroipe, no limite norte estabelecido pela família Teixeira.

Ao redor dos abrolhos e das ilhas, há uma série de indicações de profundidade, em braças. Pelo canal, algumas embarcações poderiam fazer a travessia evitando o longo desvio a leste. Apesar da dificuldade de travessia, Albernaz, o Velho, escreve que entre o rio Doce e o rio Caravelas há “bõns portos pera navíos da Costa”.

Antônio Lopes da Costa Almeida escreveu sobre o assunto em seu Roteiro geral dos mares, costas, ilhas, e baixos reconhecidos no globo…:

Hum Canal unicamente admissivel para Caboteiros, o separa [os Abrolhos] da Costa, o fundo depois se eleva sobre huma extenção, que terá de largura média 5 a 6 legoas, de que muitas partes estão a nível do Mar, e rebentão com máo tempo, e depois os Ilhotes, e seus Bancos, que se estendem a mais de 30 legoas ao largo, comprehendendo todo o espaço de fundos irregulares; resulta dos nossos reconhecimentos, que E. S. E. ate S. por N. e O. os Navios mesmo grandes podem com prudência aproximar-se até á vista, dos Ilhotes, e mesmo fundear, de 1 a 8 m. em distancia, desde N. O. até S. por O[4].

O que o leitor vê nos mapas, portanto, é a marcação de profundidade ao redor dos “Ilhotes” que fazem parte dos Abrolhos. Junto com a profundidade, em vermelho, costuma haver uma âncora, que representa um ancoradouro que poderia ser usado por embarcações.

Nesta obra, este mapa é acompanhado de mais dois mapas do Espírito Santo, como pode ser visto abaixo. Cada um deles é acompanhado de uma página com uma descrição do mapa. Clique para acessar informações de cada um:

 

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