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26/05/1615: De Sua Magestade pelo arcebispo que trouxe Diogo de Campos sobre couzas do Maranhão em 28 de [Maio] e cartas de Diogo de Campos Moreno
Gaspar de Sousa amigo eu el Rey vos envio muito saudar.
Pelos papeis de que com esta ira copia entenderei o aviso que por via e Dom Diogo Sarmento, meu embaixador em Inglaterra, se teve agora dos navios que se armarão no porto de Londres para ir fazer duas fortalezas na costa do Brasil em hũ porto, que dizem haver descoberto entre as capitanias do Espírito Santo e Rio de Janeiro, e por eles verei também a diligencia que se fez com os dous franceses, Adolfo e Julião, que derão o aviso ao dito Dom Diogo, e ainda que conforme ao que de tudo se pode alcançar parece que estes homens entendendo que assy conseguirião mais facilmente o favor de Dom Diogo lhes prometeo para cobrarem as fazendas dos ingreses com que tinhão companhia, fingirão a jornada que agora dizem que querem fazer ao Brasil para fundar fortalezas, pois não he de crer que se persuadirão de que se podem sustentar em sitio tão desaccommodado pela pouca capacidade do porto e por estar tão vizinho a duas fortalezas minhas; e todavia porque a prevenção não pode nunqua fazer dano, e do descuido e dilação tem resultado muitos que despois se medeão trabalhosamente, me pareceo advertir vos de tudo por esta (como o faço) para que o tenhais entendido, e significar vos juntamente que para prevenir qualquer sucesso tenho mandado aprestar duas caravellas com munições e algũa gente para que, a cargo de pessoa de confiança, vão em direitura ao Rio de Janeiro e Espírito Santo para proverem ambas aquellas praças, com aviso aos capitães delas desta armação dos ingleses, e do porto que pretendem ocupar, dando lhes todos os sinaes que há dele, e encarregando lhes que estejão vigilantes, e se correspondão ambos para que em chegando os ingleses a algũa parte daquela costa dem logo sobre eles antes que se fortifiquem, e procurem desfaze los de todo, e tomar lhes os navios, fazendo lhes saber os nomes dos tres portugueses que nos ditos papeis se dizem que ficavão em Londres para ir na jornada, para que fação particular digilencia por os haver as mãos para que sejão castigados como merecem, e se tiverem nas ditas capitanias algũa fazenda a embarquem e procedão com toda a demonstração de castigo contra os que se achar que communicarão com elles e lhes derão favor, e neste socorro ordens se fica entendendo para partirem sem nenhũa dilação as embarcações em que há de ir. Encomendo vos e encarrego vos muito que ajudeis com tudo o que puderes (tanto que vos chegar este aviso) aquellas praças procedendo porem nisso de maneira que se não suspenda hũ ponto a jornada do Maranhão de que vos tenho encarregado (que he o principal effeito a que haveis de attender), tendo por certo que receberey particular contentamento de toda a boa ordem que derdes para prevenção de todos os intentos desta gente; e se os portugueses de que se faz menão tiverem fazenda em algũa outra parte desse estado fora das ditas capitanias em qualquer em que se achar cousa sua, se proceda nisso na mesma forma em que se manda que o fação os capitães do Rio de Janeiro e Espírito Santo, e de tudo o que fizerdes e alcançardes deste negocio me dareis conta para o saber.
Escrita em Lisboa a 26 de Mayo de 1615.
a. O Arcebispo Primas
Para o governador do Brasil
Por el Rey a Gaspar de Sousa do seu Conselho, seu gentil homem da boca, governador e capitão geral do estado do Brazil. 1ª via.
Do viso rei, de 25 de Maio, sobre os ingreses que determinão sair a fazer hũa fortaleza entre o Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Por el Rey a Gaspar de Sousa do seu Conselho, seu gentil homem da boca, capitão geral e governador do estado do Brasil. 1ª via.