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24/08/1550: Outra1Copiada no livro de registro, códice manuscripto, bella letra do Século XVI, 226 fls. numeradas 26X15, sem titulo, que possue a Bibliotheca Nacional, onde é cotado Cod. LXXVII, 6-22 e intitulado “Cartas dos Padres da Companhia de Jesus sobre o Brasil, desde o anno de 1549 até ao de 1568”, no Çat. de Mss., 1878, t. I, p . 16): ahi esta carta está no f. 13 v. e traz a data de 24 de agosto. Pbl. em tradução italiana nos “Diversi Avisi Partieolari dalPIndie di Portogallo. . . (Venetia, 1559) pags. 55-60. Ahi a data é “1551”. Pbl. em português na “Revista do Instituto Histórico”, t. 4 o , pagina 224. do padre Leonardo Nunes2Leonardo Nunes nasceu na villa de São Vicente (uma predestinação, ao melhor, do seu ministério), bispado de Guarda e entrou para a Companhia em 48, vindo no anno immediato para o Brasil, com o Padre Nobrega. Enviado aos Ilheos com Diogo Jacome, que, depois, ficou com Nobrega em Porto Seguro, foi Nunes mandado para S. Vicente, a emprehender a conversão dos Carijós (Guaranys) . Tão diligente era no seu officio, multiplicado por toda a parte, que os índios lhe chamaram “Abaré Bebê^’, o padre que vôa, ou voador, segundo refere Simão de Vasconcellos, que por isso lhe dá nome de “um vice-Nobrega em S. Vicente”. Comprehendeu, como Nobrega, que os Padres vindos de Portugal não podiam bastar e admittiu noviços e irmãos, preferindo os que soubessem a lingua brasilica. De passagem pelo Espirito-Santo, trouxe a Matheus Nogueira; em S. Vicente admittiu Pero Corrêa, que acabou martyr. E outros, Manoel de Chaves, João de Souza, Gaspar Lourenço e Leonardo do Valle foram acquisições principaes. Tinha a fé intrepida: nestas cartas vai referido o incidente do velho João Ramalho, de má vida, impenitente, que o Padre forçou a sahir da igreja, Pois não celebraria em sua presença, pelo que os filhos, por desforço quiseram matar o Sacerdote (Vd. nota 42) Diz Franco que foi o primeiro a dar liberctaüe aos uariós, “com o poder do governador Thomé de Souza e por mando do Padre Manoel da Nobrega, que sempre foi muito zeloso da liberdade dos índios Brasis” Eleito para a missão de ir a Roma dar informação da província do Brasil ao Geral Padre Ignacio de Loyola, naufragou em caminho e pereceu, em 30 de junho de 1554. do porto de s. Vicente do anno de 1550
A PAZ e amor de Christo Nosso Senhor seja sempre em nossas almas.
Ainda que a pouca caridade não me force a vos escrever tantas vezes como desejo, vossas santas obras e o grande amor que sei que me tendes me incitam a o fazer sempre e dar-vos conta de mim, também para mais obrigar vossa caridade a que não se esqueça deste vosso pobre e tenha compaixão e encommende a Deus esta perdida gentilidade.
Em algumas que vos tenho escrito, Padres e Irmãos caríssimos, vos dei conta como nesta terra entre outros males havia um em os Christão mui arraigado e mau de arrancar por suas cobiças e interesses, o qual era ter muitos índios injustamente captivos porque os iam saltear a outras terras e com manhas e enganos os captivavam. E trabalhando eu muito por isso para os tirar das mãos dos Christãos, pois sem peccado os não podiam ter, alguns por descargo de suas consciências os deixaram livres e m’os entregaram, e ordenou o Padre Nobrega que eu os levasse a sua terra e assi me embarquei com elles, e a primeira jornada desembarcamos em a capitania de Porto Seguro, onde achei o povo muito revolto e uns com outros mui alborotados.
Estava tudo certo em ponto de se perder si Nosso Senhor por sua misericórdia não os soccorrera trazendo-os á paz e concórdia, para o qual quiz Nosso Senhor movelos de tal maneira que os mais delles se perdoaram publicamente em a egreja e ficaram mui amigos, e os outros proveo a justiça d’El-Rei que chegou em uma armada.
Tornando a embarcar, fomos dar em o porto do Espirito Santo, em o qual não abastava3Este “abastava” ou significa “abasta”, “abastará”, ou não é possível conciliar as datas. Nunes partiu com Nobrega, da Bahia, a 1 de novembro de 49; não podia achar no Espirito-Santo a Affonso Braz que chegou á Bahia em 50, e que Vasconcellos diz foi mandado para o Espirito-Santo em 51, depois que Nobrega tornou do Sul. Isto se confirma pelo resto da narrativa, indo hospedar-se com o Vigário, o que não aconteceria si houvesse Jesuitas na terra. A C. Av. VI é accorde. o padre Affonso Braz [Afonso Brás], e des-embarcando, nos veiu a receber alguma gente da terra, com a qual vinha o Vigário desta capitanias, por m’o rogar muito e também por não haver hospital na terra, fui pousar com elle. Ao domingo seguinte preguei, de que foram todos mui consolados, porque nunca tal cousa ali tiveram.
Nesta capitania a mór parte da gente estava em peccado, e quiz Nosso Senhor que com minha chegada se começassem a mover de maneira que em pouco tempo obrou o Senhor muito em muitas almas, e andavam mui consolados louvando o Senhor que assim os visitou e me queriam por força deter que não passasse adiante, e vendo eu a necessidade que tinham e por alguns embaraços que succederam aos do navio, me detive com elles um mez e fiz nove ou dez sermões e ouvi quasi quarenta confissões e se apartaram muitos do peccado mortal, e dous homens se casaram com índias que tinham em casa.
Outras muitas cousas obrou o Senhor mui proveitosas a estas almas, entre as quaes foi mover um homem casado, boa lingua, e deu-lhe tal espirito que não queria senão ir-se commigo e deixar sua mulher, o que lhe não quiz consentir ainda que tenha delle muita necessidade. Emquanto ali estive fazia todas as noites a doutrina aos escravos que ali havia, porque aquellas horas vinham de trabalhar e estavam todos juntos; e porque eram muitos e não cabiam na egreja, lh’a fazia em uma praça alli junto, á qual vinha muitos homens brancos e mulheres e moços, e no cabo da doutrina lhes mandava fazer uma pratica por aquelle homem casado que tão de verdade se converteu a Deus e em a matéria que lhe eu dava dizia tão boas cousas e com tanto zelo e fervor que fazia muita devoção á gente e se consolavam muito de o ouvir. Continuavam com grandes desejos a doutrina e trabalhavam muito pola apprender e diziam uns a outros: este é o verdadeiro que Deus manda, pois que não busca interesse sinão ensinar a todos de graça as cousas de Deus, e outras muitas cousas que ouvindo-as me confundia pois não era capaz dellas. E quando veiu a derradeira noite em que me havia de despedir delles, encommendei-lhes que sempre perseverassem como até li haviam feito, que o Padre Vigário os ensinaria como eu, porque assim m’o tinha promettido. Mas com tudo isto ficaram desconsolados os escravos pelo amor que já me tinham, # e o dia seguinte lhes fiz o derradeiro sermão, e no cabo despedindo-me da gente foram tantas as lagrimas, assim nos homens como nas mulheres, que não me pude soffrer que não os ajudasse e tivesse compaixão de sua desconsolação, consolando-me em o Senhor e em os desejos e boa vontade donde sua desconsolação procedia. Lançai de lá estes olhos, Irmãos meus em Christo, e vereis: “Quia messis quidam multa, operarii vero pauci: rogate igitur dominum messis ut mittat operários in messem suam.
Tornando a embarcar, dez ou doze léguas junto do porto de S. Vicente [São Vicente], um sabbado em amanhecendo, viemos á vista de umas canoas de índios, que são uma certa maneira de barcos em que se navega4Havia, do objeeto, muitas variedades no Brasil. A igara era feita de grandes troncos de madeira, excavados a fogo e pedra. A ubá era uma casca de arvore, apertada com paus e cipós: adiante, C. Av. VII. Pero Corrêa fala delia. Gabriel Soares descreve canoas de tabúa, ou periperi, aos molhos, tecidos e enastrados (Op. cit. 38-9). No sul usam pelotas, de couro de boi., e temendo que fossem contrários dos Christãos, tornamos atraz para nos mettermos mais ao mar; e elles, vendo que lhes fugíamos, vinham a grande pressa após nós e em breve nos alcançaram e chegando perguntaram-nos quem éramos, e porque não levássemos linguas que soubessem bem responder, disseram e tiveram para si que éramos Francezes, aos quaes têm grande ódio, e um delles disse que ali levava elle uma cabeça de um nosso Irmão por onde bebia (o que elles usam em signal de grande vingança).
E dizendo isto nos começaram a cercar ao redor, porque eram sete e cada uma tinha trinta ou quarenta remeiros, ás quaes correm tanto que não ha navio por ligeiro que seja que se tenha com ellas e elles apercebidos foram tantas as frechadas sobre nós que parece que choviam, e nosso navio vinha tam bem apercebido que bernios e roupões púnhamos por pavezes com que nos amparávamos.
Trazíamos dois tiros de ferro, mas eram taes que ao primeiro tiro logo a câmara de um delles saltou ao mar. Eu me puz a um cabo do navio de giolhos pedindo ajuda ao Senhor pois que de nossa parte tam pouco tinhamos, e comecei a animal-os e exhortal-os que se encommendassem de verdadeiro coração ao Senhor, arrependendo-se e pedindo perdão de seus peceados. Fiz-lhe uma pratica a melhor que pude; parece-me que todos determinaram comsigo que, si desta escapassem, emendar suas vidas.
Neste tempo os índios não nos davam espaço nenhum, seguindo-nos e accommettendo-nos por todas as partes, e certo que pareciam diabos: todos andavam nús, como elles todos costumam, delles tintos de negro, outros de vermelho, outros cheios de pennas, e não cessavam de atirar frechadas, com grande grita, e outros tangiam nos busios, com que fazem alarde em suas guerras que parecia o mesmo Inferno e assi nos perseguiram passante de três horas, de maneira que, si foram contrairos e nos seguiram um pouco mais, nem um de nós escapara de que não fizeram seu manjar. Frecharam-nos duas pessoas: uma dellas morreu em sahindo em terra, porque as frechadas eram taes que passavam as taboas do navio de uma parte a outra.
Quiz Nosso Senhor que vieram a reconhecer-nos por Portuguezes e assi nos deixaram e fomos desembarcar ao porto de São Vicente, e sem nos deter nos partimos d’alli e fomos dar em uma villa chamada Todos os Santos 5Todos os Santos é a villa, hoje cidade de Santos que veiu a ser chamada assim, por brevidade. Com o entulhamento do porto de S. Vicente e ruína dessa villa, que se foi esbarraneando, nas terras do outro lado da ilha, onde havia bom aneoradouro, se fundou Todos os Santos, terras de Braz Cubas, procurador de Martim Affonso, que á nova povoação deu hospital e santa misericórdia. Fora antes o logar Enguá-guassú, pelo primeiro monjolo, que ahi houve, obra daquelle Braz Cubas, Vd. V. de Porto Seguro — Hist. do Brasil, 4a ed., t. I, pag. 203. e fomos com muita alegria recebidos, e é tão grande a opinião que têm tomado dos da Companhia por causa de alguns Irmãos que já aqui estiveram, que se vinham a mim, e uns me beijavam os vestidos, outros o bordão, de que me confundia muito por ver que minha virtude não correspondia ao que me faziam; seja tudo para gloria do Senhor. E como soube que não havia alli hospital, pedi uma pobre casa, onde me recolhi com os índios, e lhes fiz um sermão ao qual concorreu muita gente da villa de S. Vicente e d’outra que se diz santo Amaro, que é outra capitania sobre si, do qual se seguiu algum frueto, e despedi-me de todos ficando elles mui consolados.
D’ali fui ter a S. Vicente, acompanhando-me o Capitão e alguma outra gente, onde, em chegando, fiz um sermão do qual toda a gente foi mui movida de Deus, e d’ali em diante preguei algumas vezes e o mais do tempo confessava, e cada dia fazia a doutrina aos escravos, e ás segundas feiras, quartas e sextas á noite tangia a campainha pólos finados. De maneira que vendo Nosso Senhor o grande estrago que o demônio nestas almas fazia (porque quasi todos os moradores destas três villas estavam em grandíssimos peceados offuscados, assi casados, como solteiros e muito mais os sacerdotes) os começou de mover e trazer a tal confusão e sentimento de seus peceados, que todos trabalham por se apartar delles, uns casando-se com as mulheres e índias que tinham, outros deitando-as fora, outros buscando-lhes maridos, outros determinando de viver castamente com suas mulheres, e todos com grandes espantos de si, vendo sua cegueira e perigo em que estavam tanto tempo havia. Porque havia muitas almas que não se haviam confessado trinta ou quarenta annos e estavam em peccado mortal, e isto publicamente.
Aqui me disseram que no campo, 14 ou 15 léguas d’aqui, entre os índios estava alguma gente christã derramada e passava-se o anno sem ouvirem missa e sem se confessarem e andavam em uma vida de selvages. Vendo isto, determinei de ir por lá, tanto por dar remédio a estes Christãos, como por me ver com estes Gentios, os quaes estão mais apartados dos Christãos que todas as outras capitanias. Levei commigo duas linguas, as melhores da terras, as quaes, depois se determinaram de servir a Deus em tudo o que eu- lhes mandasse, e eu o acceitei assi pela necessidade como por elles serem mui aptos para isso e de grande respeito, principalmente um delles, chamado Antônio Corrêa. E indo na derradeira jornada, topamos um mancebo com umas cartas para mim que me estavam esperando, porque já tinham novas que eu desejava de os ir ver.
Trabalhei muito com os Christãos que achei derramados naquelle logar entre os índios que se tornassem ás villas entre os Christãos, no qual os achei mui duros. Mas, emfim, acabei com elles que se ajuntassem todos em um logar e fizessem uma ermida e buscassem algum Padre que lhes dissesse missa e os confesasse.
Puzeram-se logo por obra e tomaram logo campo para a egreja. Gastei dous ou trez dias com elles e confessei alguns e dei-lhes o Santíssimo Sacramento. Depois disto fomos dar com os índios ás suas aldêas, que estavam 4 ou 5 léguas d’ali, e indo achámos uns índios que andavam com grande pressa fazendo o caminho por onde havíamos de passar, e ficaram muito tristes porque o não tinham acabado.
Chegando á aldêa, veio o Principal delia e me levou comsigo á sua casa e logo se encheu a casa de índios e outros que não cabiam ficaram fora, que trabalharam muito por me ver.
Considerai vós, meus Irmãos em Christo, o que minha alma sentiria vendo tantas almas perdidas por falta de quem as soccorresse.
Algumas praticas lhes fiz apparelhando-os para o conhecimento da Fé e lhe disse, pela tristeza que mostravam por me eu haver logo de tornar, que não ia senão a vel-os e que outras muitas vezes os visitaria, si tivesse tempo.
Também achei ali alguns homens brancos e acabei com elles que se tornassem aos Christãos, e d’ali me tornei outra vez a São Vicente, e determinei de fazer uma casa em que nos recolhêssemos e com algumas esmolas dos moradores a acabei para também poder nella recolher e ensinar os filhos dos Gentios. Ao presente estou nella com oito Irmãos que cá novamente recebemos e dois que andam agora por se determinar, e ambos de boa maneira, são boas linguas para estas partes. Nosso Senhor seja com tudo servido e faça o que mais fôr sua gloria. Por isso veja lá o nosso mui amado em Christo padre mestre Simão [Simão Rodrigues de Azevedo]6O Padre Mestre Simão Rodrigues de Azevedo era o provincial da Companhia, em Portugal, que desejou para si a Missão do Brasil, e, não o podendo, mandou a Nobrega, em seu lugar; foi companheiro de S. Francisco Xavier, enviados por Loyola á Península: um iria á índia, e ao altar; o outro, obscuramente, trabalhou pela Companhia, sem fama, nem consagração. quanta necessidade cá ha de Irmãos de Coimbra, assi para soccorro e ordem desta casa, como para muitas necessidades que ha sempre entre Christãos e Gentios, e por eu ser só e não poder acudir a tudo, espero em Nosso Senhor que elle o provera á maior gloria de Deus.
Agora queremos emmadeirar uma egreja que aqui temos feita; depois de acabada, o que será presto, determino de sahir por esta terra dentro quasi 200 léguas, onde hei de gastar alguns seis ou sete mezes, e levarei comigo quatro linguas mui boas, as duas que acima disse e as outras duas que andam para entrar. Nosso Senhor nos guie para sua gloria e louvor.
Todo o mais tempo que aqui estive, além de ter cuidado dos Irmãos, sempre me occupei em confessar e pregar algumas vezes, acudindo quando podia a outras necessidades espirituaes e exercitando-me em obras pias, buscando em tudo a salvação das almas, e não com pouco trabalho, por ser só e pela perseguição de alguns deste porto, por que de uma parte fui perseguido de alguns amancebados pólos querer apartar do peccado e trabalhar que se emendassem e tornassem a Deus, e da outra era attribulado também dos que aqui tinham os negros Carijós7Negros, aqui, e adiante, repetidamente, não são africanos ou pretos, mas os coloridos filhos do país, por opposição aos brancos, os reinóes. Os “negros Carijós”, aqui mesmo, é elucidativo. Só mais tarde houve mister distinguir varias cores. Nas letras clássicas era assim. A Sulamita, abexim, morena pela vizinhança do Trópico, era “nigra sum, seã formosa”, no latim da Vulgata. “Quamvis ille niger”, ainda que elle (é) moreno, é de Vergilio. Para não citar outro dos nossos, Camões: _ “Concertam-se que o Negro manãe dar” (Lus, VIII, 9) é o Catual, indu, da Costa do Malabar. “F tornanão alguns Negros se parte” (Lus., IX, 12), mandando embora alguns indios reféns. . . Tritão “Fra mancebo granãe, negro e feio “Trombeta de seu pai e seu correio” (Lus., VI, 16), isto é, trigueiro, escuro, não branco como os outros. christãos captivos pólos haver salteados, sem os quererem deixar tendo-õs injustamente, buscando eu muitos meio para deitar este mal fora da terra, o qual é bem mau de desarraigar, porque o têm mui arraigado nos corações, dos quaes saem desordenada avareza e desejos insaciáveis de bens temporaes, que em muitos reinam cá muito.
Christo Nosso Senhor proveja tudo como mais for seu serviço e proveito das almas, e nos dê graça para que nossos trabalhos por seu amor recebidos lhe sejam acceitos.
Desta capitania de S. Vicente a 24 de Agosto de 1550.