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Feitiço caboclo: um índio mandingueiro condenado pela Inquisição, por Luís Rafael Araújo Corrêa
Tese de Doutorado
Resumo: O tema da presente tese se desenvolve a partir da trajetória de Miguel Ferreira Pestana, índio natural do aldeamento de Reritiba, no Espírito Santo, e que foi julgado pela Inquisição portuguesa sob a acusação de feitiçaria – por portar bolsas de mandinga e cartas de tocar – e pacto com o diabo. Emblemática, a vida de Pestana foi marcada pelas fugas do aldeamento em que vivia, pelas andanças entre o Espírito Santo e o Rio de Janeiro – que acabaram levando-o à freguesia de Inhomirim, no Recôncavo da Guanabara – e também pela diversidade de suas crenças religiosas, fruto em grande parte das múltiplas e heterogêneas relações que manteve ao longo de sua vida. Nesse sentido, o foco estará voltado principalmente para a recepção e a circularidade da religiosidade colonial e de práticas mágicas entre indivíduos de origem indígena; para a heterogeneidade étnica, cultural e social característica dos ambientes nos quais viveu, considerando os processos de mestiçagem pelos quais passou; e para as possibilidades de ação e o lugar social de indígenas inseridos ao mundo colonial que, por opção ou em virtude das circunstâncias, viveram fora dos aldeamentos. O objetivo será destacar reflexões e apontamentos sobre a sua trajetória, conectando-a a um contexto mais amplo a fim de denotar que casos como o deste personagem possuíram mais paralelos do que se costuma imaginar.
Palavras-chave: Colonização portuguesa, Rio de Janeiro, Aldeamentos Indígenas, Mobilidade Indígena, Religiosidade, Relações Interétnicas, Mestiçagem, Inquisição