Referência

DOCUMENTOS Históricos. Provisões, Patentes, Alvarás, Sesmarias, Mandados, etc. Vol. XXIII. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional. 1933, p.254-257. Disponível em: . Acesso em: .

Créditos

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15/07/1671: Registo da patente do Capitão-Mor do Espirito Santo Ignacio de Lercaro

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendonça Comendador das Comendas de São Julião de Bragança e São Romão de Fonte Coberta da Ordem de Cristo Alcaide-Mor da Villa da Covilhã Senhor de Barbacena do Conselho de Guerra de Sua Alteza Governador, e Capitão Geral de mar. e terra do Estado do Brasil etc. Porquanto está vago o cargo de Capitão-Mor da Capitania do Espirito Santo por Antonio Mendes de Figueiredo o haver servido quatro anos, e ter acabado os primeiros três que pela patente sua se serviu Sua Alteza conceder-lhe. e convém prove-lo em pessoa de valer pratica da disciplina militar, e muita experiência da Guerra: tendo consideração ao bem que estas qualidades concorrem na de Ignacio de Lercaro, e a satisfação com que me constou haver servido a Sua Alteza nas guerras do Brasil fronteiras do Alentejo, e Armadas em praça de soldado, Alferes, e Capitão de uma Companhia de Infantaria achando-se no decurso deste tempo nas ocasiões de maior importância, e recuperação de praças como foi embarcando-se na Armada que de Portugal foi a França, a cargo do General Dom João de Menezes de que resultou renderem-se em Itália às Armas de El-Rei Cristianíssimo as praças de Perto Longon, e Piombino; e depois se embarcou no socorro que para esta Cidade veio a cargo do Mestre de Campo Francisco Barreto, e nela aclarou a praça servindo onze meses passou a continuar o serviço na guerra de Pernambuco em que continuou sete anos, e oito meses: achando-se no decurso deste tempo em todas as ocasiões, marchas, emboscadas, e sentinelas perdidas que se ofereceram até se restaurar a praça do Recife, e mais Capitanias do Norte: E em particular na investida que o Inimigo fez á instancia do Governador dos Pretos Henrique Dias rechaçado com perda de muitos mortos, e feridos no recontro que houve nas emboscadas do Engenho do Mingáo até o inimigo perder o Campo com muitos mortos: na segunda Batalha dos Outeiros dos Gararapes saindo o Inimigo a campanha com quatro mil homens, e seis peças de Artilharia da qual se retirou perdendo-a, e deixando no campo dois mil homens, doze bandeiras todo o trem. e muitos prisioneiros de conta: nas emboscadas que se fizeram ao Inimigo a campanha com quatro mil homens, e seis dos: procedendo nos ataques sortidas que se fizeram ao Inimigo até se tomar posse da Fortaleza das Cinco Pontas, e de todas as mais do Recife, com tanto valor, e boa disciplina que lhe fez Sua Alteza mercê de um escudo de vantagem, e restauradas aquelas praças passou com ela assentada na Armada da Junta da Companhia Geral no Navio São Lourenço de que era Capitão Rodrigues Moniz da Silva a continuar o serviço nas fronteiras do Alentejo, havendo nele corrido a costa de Pernambuco, a franquear a entrada aos nossos Navios pela infestarem os Holandeses; e passando ao Exército com que se recuperou a praça de Monção indo a cargo do Tenente-General de Sua Majestade João Mendes de Vasconcellos se achou assim naquela expugnação, aproches. e ataques dela, como  no sítio que no ano seguinte se pôs a praça de Badajós havendo-se nas investidas que se fizeram à dita praça com particular valor por cuja causa o promoveu o dito Tenente-General de Sua Majestade a Capitão de uma Companhia de Infantaria que no mesmo sítio vagou por morte de Martim de Maloenda no socorro da praça de Evora, sitio, e expugnação dela, e passar ultimamente na Almirante, da Armada da Junta de que vim por General a governar este Estado para nele continuar o serviço de Sua Alteza havendo procedido em todo o decurso deste tempo com particular satisfação, e zelo; e respeitando juntamente ser conveniência do serviço de Sua Alteza que em a ocupação de Capitão da Infantaria de que ora vai provido para a mesma Capitania exercer juntamente a de Capitão-Mor dela (de que há exemplo) esperando dele que nas obrigações de um, e outro posto se haverá muito conforme a confiança que faço de seu merecimento, e qualidade. Hei por bem de o eleger, e nomear (como em virtude da presente elejo, e nomeio) Capitão-Mor da dita Capitania do Espirito Santo para que como tal o seja use e exerça com todas as honras, graças, franquezas, preeminências, privilégios, isenções, e liberdades que lhe tocam podem, e devem tocar aos mais Capitães Mores das Capitanias deste Estado, e com o dito posto. haverá o ordenado, e todos os mais próis, e precalços que direitamente lhe pertencerem, e costumavam gozar seus antecessores. Pelo que o hei por metido de posse fazendo primeiro preito, e menagem, e dado juramento, em minhas mãos na forma costumada, e ordeno aos Oficiais da Câmara daquela Capitania Coronel, Sargentos-maiores, e mais Oficiais de Guerra, Fazenda, e Justiça dela nobreza, e mais povo que constando por certidão do Secretario do Estado haver feito o dito preito menagem em minhas mãos o hajam, honrem, estimem, e reputem por seu Capitão-Mor, e como a tal obedeçam, cumpram, e guardem todas suas ordens de palavra ou por escrito como devem e são obrigados; e ao Provedor-Mor da Fazenda Real deste Estado, e em particular ao daquela Capitania lhe façam pagar na folha os cem mil reis de ordenado que é estilo vencerem os Capitães-mores dela.

Para firmeza do que mandei passar o presente sob meu sinal e selo de minhas armas a qual se registará nos Livros da Secretaria deste Estado Cantara da mesma Capitania, e nos mais a que tocar. Antonio Garcia a fez nesta Cidade do Salvador Bahia de Todos os Santos em os quinze dias do mês de Julho. Ano de mil e seiscentos, e setenta e um. Bernardo Vieira Ravasco o fiz escrever. Affonso Fur­tado de Castro do Rio de Mendonça. Registada no terceiro Livro dos Registos da Secretaria do Estado do Brasil a que toca a folhas cento, e setenta e seis. Bahia e Julho quinze de mil e seis- centos, e setenta e um. Ravasco. Despacho do Provedor-Mor. Cumpra-se o registe-se. Bahia e Julho dezessete de mil e seiscentos, e setenta e um. De Ulhôa.

Miguel Pinto de Freitas

 
Fabio Paiva Reis
Fabio Paiva Reis
Fabio é capixaba, natural de Vitória. Historiador, fez doutorado na Universidade do Minho, em Portugal, e se especializou em História do Espírito Santo Colonial. Fundou este site em 2015 e, no ano seguinte, foi premiado no edital de Educação Patrimonial da Secretaria do Estado da Cultura do Espírito Santo. Hoje é professor de História no Instituto Federal do Espírito Santo - Campus São Mateus.

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