Referência

DIAS, C. M., VASCONCELLOS, E. J. D. C., & GAMEIRO, A. R. História da Colonização Portuguesa do Brasil - Edição Monumental Comemorativa do Primeiro Centenário da Independência do Brasil. Vol. III. Porto: Litografia Nacional, 1922, p.267. Disponível em: . Acesso em: .

Créditos

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14/07/1550: Carta de Duarte de Lemos escrita de Porto Seguro a D. João III

(Em que dá conta de como Tome de Sousa o mandou como capitão para a capitania de Porto Seguro —cujo donatário fora, quatro anos antes, remetido em ferros para Lisboa, — e informa sobre a próxima expedição de descobrimento das minas de ouro, e de como Vasco Fernandes Coutinho chegara a Santa Cruz, fazenda do duque de Aveiro, com o projecto de se passar a França com os homisiados que levava em sua companhia).

Senhor.—Eu esprevy outra a V. A. num navyo que deste porto capitanya de Porto Seguro partio pera ho Reyno de Christovam Pares em que lhe dava conta como ho governador Tome de Sousa me mandou a esta capitania de Pedro do Campo e que estyvese nella por capitão ate V. A. prover e asy lhe esprevy quam estamos deste ouro e como está na comquysta de V. A. todo e a mor parte que vay do Peru e que está nesta alltura de dezasete grãos que he aonde esta capitania está. Tenho vymte omens juntos pera yrem busquar e partirão por aguosto damdo lhe Tome de Sousa ho nesesario he ho caminho poees ysto he de V. A. e estamos tão perto delle deve V. Allteza de mandar omens que conheção a terra domde está ho ouro porque por nenhüa terra destas partes podem milhor yr a elle que por esta de Porto Seguro por ho gentio delia estarem de pas e muito nosos amigos mormente dispois que V. A. mandou a sua armada a esta terra que elles souberão que V. A. mandava que hos não salltease e os tornasem a suas terras.

Eu tenho mandado a Tome de Sousa daquy desta capitania hum pilloto que he sobrinho de Pedro do Campo que se chama Jorge Diaz Diguo que he dos prymsypaes que ande yr na companhia a descobrir de yr e reger se polia alltura e não fíoy a outra . . . . o buscar ho nesesaryo pera ho caminho e tamto que ffoy vymdo trazendo ho nesesario yrão ho quall he resguates . s . faquas cunhas tizoiras contas da terra e anzollos e allgúas roupas e podões ffoses machados he não esprevo mays disto a V. A. por que Tome de Sousa lho escrepvera mays llargamente.

Senhor, V. A. saberá como Vasco Fernandes Coutinho veyo ter a este Porto Seguro e ffoy sorgir junto da nao a Santa Cruz ffazenda do Duque d Aveiro que he desta villa duas llegoas omde estava a nao de V. A. á carega de brazill dizemdo que se queria yr nella ao reyno e estarya hy oyto dias eu ho ffuy ver e lhe pedi e requery da parte de V. A. que não llevase huns omiziados que ho ouvidor gerall prendeo nos Ilhéus que ffogirão da cadeia os quaies estavão prezos por llamçarem x ou xb ou xx allmas nos pitiguares em terra e as darem a comer aos Imdios e despois se allevamtaram com ho navyo e lhe trazerem suas ffazemdas roubadas e elles mortos e assy hum ffranses per nome Formão que veyo narmada de V. A. degradado pera sempre por ladrão do mar cosairo como Framcisco do Camto que vay por capitão desa nao mais largamente dirá a V. A, e como elle lleva mao preposito segundo emformações que eu tenho não deu por nada mas antes os llevou todos e mais se mais achara e os que leva comsiguo são lladrões e desoreIhados e degradados pera esta terra por onde creo que não lleva bom preposito como hum Antônio Vaz que esta no Ryo dos Ilheos na ffazenda de Fernam d Alvares da Casa da índia mais llargamente sabe e asy hum Roque Martins que qua está na sua capitania e outro que era mestre de hum navio em que elle vay por serem cometidos e o mestre se deixou ffiquar em terra nesta capitania por não segir a Rota que Vasco Fernandes lleva que he yr se a França a se restaurar se de seus gastos que tem ffeitos na sua capitania, dizendo que asy ho ade fazer pois lhe V. A. quebra suas doações e a sua capitania deixou e entregou ao ouvidor gerall ho que dá mais cor a ser verdade seu caminho e mao preposito.

It. Eu mandey este aviso a Tome de Sousa porque Vasco Femandez se vay a Pernambuqo a ver com Duarte Coelho e dahy segir sua rota per onde lhe bem parecer e como elle ja nam tem que perder e está no Reino muito endividado nenhüa duvyda á ho ffazer portanto ho ffaço a [saber] á vosa allteza e crea V. Allteza que ja quando partyo do Reino pera este Brazill da primeira vez veio com este preposito e será boa testemunha Fernam Vylles (Velez) e elle a mim me cometeo e eu lhe dixe que nunqua Deus quisese que tose tredo a V. A. e porque os tempos lhe não socederão nem Deus quis que elle tall deserviço lhe fizesse ho nom ffez não por que não fosse boa a sua vontade.

It. Senhor despois destar nesta capitania per V. A. mandou ho governador Tome de Sousa hum mandado a esta capitania por parte de V. A. que nenhüa pesoa cortase nem careguase brasill e os que tynhão llycensa de V. A. pera ho careguarem ffosem careguar aos Petyguares e ao Rio de Janeiro, os armadores desta capitania e moradores della não tinhão outro repayro pera paguarem ffretes de seus navyos por ainda aver pouqo açuquare se não ho brasill que carreguavão os que tynhão licença de V. A. Pede este povo por mercê a V. A. que aja por bem não avendo de caregar com as licenças que tem carege de brazill pera V. A. paguando lhe seu frete e vemda asym se parecer bem a V. A. e seu serviço restaurar se ha esta capitania. Doutra maneira despovoar se ha por que sertefiquo a V. Alteza em verdade que se não tivessem esta esperança de V. A. lhe ffazia que não ffiquase tão senhores (?) hum ornem que se não va asy temos esperança de V. Allteza espero ver pois nem os moradores como dantes vinhão sertefyquo asy a V. A. esprita neste Porto Seguro aos 14 de julho de 1550.

— Duarte de Lemos,

— Sobrescrito: Pera El Rey noso senhor.

 

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