12/05/1663: Carta para D. Diniz Lobo Capitão-mor do Espirito Santo acerca do que ha de observar com o novo provido e Officiaes da Câmara

Referência

BIBLIOTECA NACIONAL. Documentos Históricos: 1648-1711 - Provisões, Patentes, Alvarás, Cartas (Vol. XXXIII). Rio de Janeiro: Typographia do Archivo de História Brasileira, 1936. p. 314-316. Disponível em: . Acesso em: .

Créditos

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12/05/1663: Carta para D. Diniz Lobo Capitão-mor do Espirito Santo acerca do que ha de observar com o novo provido e Officiaes da Câmara

Diz-me Vossa Mercê que me escreve em 5 de Abril obedece a minha ordem, quando o Capitão-mor José Lopes lhe entregará, (sic) e que os Officiaes da Câmara lhe não ciavam posse pelas razões que me escreviam a que respondo. Que andou Vossa Mercê pouco lembrado da obrigação do posto que occupava; porque a conhecel-a não era de crer quizesse experimentar o castigo que por ella merecia, de que o relevei nesta occasião pela commiseração que tenho de sua pobreza e pessoa1Ha duas linhas em branco na copia, correspondendo, talvez, a duas linhas ilegíveis do original.

O posto que Vossa Mercê occupava, não podia entregar aos Officiaes da Câmara, pois não tinham elles jurisdição para o acceitar, nem Vossa Mercê para o largar.

E só no caso que falleça o Capitão-mor, toca á Câmara o governo da praça, emquanto o General não dispõe o contrario: pelo que não andou Vossa Mercê acertado no que fez e ficou commettendo um erro grande, porque só se devia entregar o nosto ao Capitão-mor José Lopes conforme a ordem que levava para isso; e quando do digo a Câmara o encontrasse, devia Vossa Mercê obrigal-os acceitassem o dito Capitão-mor, prendendo àquelles que pertubassem a Republica encontrando minhas: e por este meio se ficava dando cumprimento a ellas, com menos prejuízo das partes, do que agora hão de experimentar, pois, é de crer, que se vissem (em) Vossa Mercê resolução, e conta ele executar minhas ordens, dariam logo cumprimento a ellas; mas já que Vossa Mercê foi causa do trabalho que hão de padecer os Officiaes da Câmara deve também procurar meio, para que de todo o ponto se não arruinem, e assim seguirá a ordem que se segue.

Logo que lhe for a Vossa Mercê dado esta minha carta, mandará chamar os Officiaes da Câmara, e fará dar juramento ao Capitão-mor José Lopes, na forma que (é) estylo, e assistira Vossa Mercê na Câmara exercendo o posto de Capitão-mor, porque emquanto o provido não toma posse está Vossa Mercê sujeito ás obrigações do posto, e só fica livre depois que o provido estiver de posse delle.

Sendo caso que os Officiaes da Câmara se ausentem com receio do castigo que merece sua culpa ou por não querer dar posse ao Capitão-mor José Lopes, mandará Vossa Mercê com a Infantaria, e Capitães da Ordenança prender os ditos Officiaes da Câmara, os quaes entregará ao Ajudante Manoel Vaz, para que os traga a esta praça. E logo chamará os Officiaes da Câmara que serviram o anno passado a quem ordenará exerçam seus cargos, e dêm juramento ao Capitão-mor, visto estarem os outros presos, por desobedientes.

Mas se os Officiaes da Câmara que hoje servem derem a referida posse ao Capitao-mor José Lopes ficarão servindo excepto o Juiz João Pires de Gusmão e o Procurador Antônio Gomes, porque estes mando que sejam logo presos, tanto que o Ajudante chegar a essa praça; o qual leva ordem particular para isso; e só com os mais se fará a diligencia da referida posse: e na forma da ordenação elegerão Juiz e Procurador em lugar dos dois que mando vir a esta praça.

Espero que Vossa Mercê obre tudo o referido de sorte que tenha que lhe agradecer por que de fazer o contrario, mandarei proceder contra sua pessoa, conforme as ordens que par; isso leva o Ajudante. Deus guarde a Vossa Mercê.

Bahia e Maio 12 de 1663.

Francisco Barreto.

 
Fabio Paiva Reis
Fabio Paiva Reis
Fabio é capixaba, natural de Vitória. Historiador, fez doutorado na Universidade do Minho, em Portugal, e se especializou em História do Espírito Santo Colonial. Fundou este site em 2015 e, no ano seguinte, foi premiado no edital de Educação Patrimonial da Secretaria do Estado da Cultura do Espírito Santo. Hoje é professor de História no Instituto Federal do Espírito Santo - Campus São Mateus.

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