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26/09/1545: Carta de Ambrósio de Meira para El-Rei. — Capitania do Espírito Santo
Diz que veio à Capitania de Vasco Fernandes Coutinho, no Brasil, com Diogo Ribeiro, para a arrecadação dos dízimos reais. Ribeiro morreu em 16 de Fevereiro daquele ano ; Meira tomou posse de feitor e almoxarife, por não haver na terra outro oficial, e pediu escrivão ao ouvidor, por não haver capitão na terra. Como feitor, fez o arrendamento do dízimo do assucar á la mala, isto é, em massa, até Janeiro a 1546, a 200 réis a arroba, no qual tempo, segundo mostravam os engenhos, haveria de dízimos até 300 arrobas. O assucar não era de todo bom, porque os oficiais não conheciam os postos das terras e o tempero delas, e o que saia bom diziam que o era tanto como o da ilha da Madeira. Arrendou ainda os dízimos dos mantimentos, do São João de 1545 ao de 1546, por 43$500, com condições, porque de outro modo não os queriam lançar, por ser a terra muito pobre de dinheiros, e à conta desses dízimos se pagava o Capelão, a requerimento do povo, por não querer dizer missa e batisar, etc. Na armação de Bras Teles foi o primeiro assucar que se carregou da Capitania do Espirito Santo — Ambrósio de Meira, em 27 de Fevereiro de 1550, era defunto.
Senhor
vyemos a esta terra e capitanya de que Vossa Alteza £ez merce a vasco fernandez coutinho no brasill diogo Ribeiro e eu com nos pareçer vyr lhe fazer mais seruiço na Recadação de seus dizimos do que se nos ofereceo pera noso desbarato e pouquo meriçymento / foy deus seruido leuar desta vyda diogo Ribeiro a 16 de fevereiro de 1545 / Iembrese Vossa Alteza de seus filhos e molher por lhes ter mereçido em ser desejoso de seus serviços alem dos que lhe tem feytos // tomey pose de feytor e almoxarife por nam aver na terra outro hofyçyall e ao ouuidor pidy espriuão por não aver capytão na terra que o defumto amtes o era e o ouuidor açeytou por ser velho e mais auto pera yso // arrendey até janeyro de 1546 ho dizimo do açuquare a la mala ha 200 reis arroba no quall tempo segundo mostrão agora os engenhos avera do dyzimo ate 300 arrobas / ao presente nam he todo bõo porque os ofyçiais nam tem ajnda conhecydos os postos das terras e tempero delas / e o que saya bõo dizem que he tão bem como ho bom da Ilha da madeira // os dyzimos dos mantimentos desta terra não he cousa pera Recolher porque se perdem tanto que os arrancão dela estes e a dizima do pescado arrendey de sam joam de 45 ate ho de 46 por 43.500 reis e com condyçois porque doutra maneyra não querem lamçar por ser a terra muyto proue de dinheiro e dysto se pagua capelão a Requerimento do pouo por nam ter prouisão de Vossa Alteza e nam querer dizer misa e bautizar e não aver quem ho faça como de todo a seu tempo per estromento farey çerto Vossa Alteza / daquy em diamte que os ofyçyais vão achando ho pulso aos acuqueres sempre valera ho de Vossa Alteza a 300 res (1) arroba e sayra ho bom vendido a 400 // ha nesta capitanja 5 armaçois pera agoa e duas fazem jaa / e duas forão de janeyro de 1546 por diamte ha duas de caua-los e faz huma os negoçyos nesta terra fazem se de vagar asy por ser lomge do Reyno como por as propiadades das cousas não serem conheçydas ,// proueja Vossa Alteza com prouição pera se fazer casa de feytoria ou pera se caregar ho acuquere por que sempre avera no ano de 1546 1000 arrobas moemdo estes engenhos que esperam começar em janeiro no quall não esta so torna-lo arrendar porque amtes não vira prouyção de Vossa Alteza esta vay em huum naujo darmação de bras telez que he o primeyro que nesta capitaja caregou daçuquerre // do esprito samto a 26 de setembro de 1545.
ambrosio de meyra. — 1545.
Sobrescripto. Pera el Rey noso senhor do brasill.
João Martins da Silva Marques
Notas da edição original
Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Corpo Cronologico, Parte l. Maço 76, N.” 98.
Conferido. Lisboa, 22 de Junho de 1938.