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04/06/1647: lida de Azeredo Coutinho Buscar minas das esmeraldas
Recebido a 4 de junho de 1647
lida de Azeredo Coutinho
Buscar minas das esmeraldas
Da capitania do Espírito Santo escrevi a Vossa majestade dando-lhe conta como partira para o Sertão em dezessete de maio do ano passado de mil e seiscentos e quarenta e seis, ao descobrimento das esmeraldas, a qual jornada fomos continuando com muito trabalho, por acharmos os rios tapados (cobertos) com muita madeira e outras descomodidades que fomos padecendo, com as quais o guia acabou de adoecer, demandara que, achando-se para morrer, não soube encaminhar-nos, e começaram-se a mover algumas dúvidas causadas de os provimentos que o Capitão-mor Antonio do Canto passou fazendo Provedor de minhas dando-lhe ordens contra as que levávamos do governador desta Praça o que foi causa de nosso desacerto e de concedermos licença para se recolher o guia para povoado deixando-me ficar no Sertão fazendo as diligências que Vossa Majestade constata pelas certidões e mais papéis que com esta envio e depois de ter andado quatro meses e meio no Sertão me foi adoecendo a gente que me foi forçado recolher para esta cidade para com novos guias tornar a continuar com o descobrimento com mais instância por deixar descobertos os rios por onde se há de navegar para a Serra e pela nova ordem que Vossa Majestade foi servido fazer-me mercê por carta sua firmada de sua real mão feita em dezesseis de julho a qual apresentei ao governador desta praça e ao provedor da real fazenda de Vossa Majestade dando-lhe juntamente as que Vossa majestade foi servido escrever-lhe
Trataram logo de dar os mantimentos na forma que Vossa Majestade lhes ordena eu aprestado para ir as Capitanias de baixo a trazer dois homens práticos nesta jornada por haverem ido em companhia de meu pai e não haver outros de tantas noticias e experiência senão eles, atalhou este intento Antonio do Canto com uma carta que escreveu ao provedor em que lhe diz não trate da jornada por quanto tem ordem do governador geral não consinta fazer-se a jornada sem seu recado pelo que mandou o governador desta praça senão trata-se de viagem sem avisar Vossa majestade pareceu-me dar conta como tenho gente alistada feito de novo algum dispêndio de minha fazenda deixando as canoas no Espírito Santo, ferramentas com intento de seguir a jornada sendo que Vossa majestade servido que se torne a fazer estou prestes com quatro filhos e deixar-me invernar no sertão metendo-me com o gentio de paz para por sua via descobrir a Serra quando os guias se faltem os padres da Companhia foram de muito efeito na jornada e sem eles não se pode tornar conseguir a respeito do gentio de sua residência que em nossa companhia levamos será necessário mandar Vossa majestade ao governador desta praça faça entregar os mantimentos e os mais instrumentos necessários para as minas na forma que Vossa majestade lhes ordena que eu estou prestes para servir a Vossa majestade como leal vassalo seu cuja vida real estado o Senhor guarde por largo ano. Hoje 7 de fevereiro de 1647.
Antonio de Azeredo Coutinho