15/10/1704: Carta para Domingos do Prado de Oliveira, sobre a tomadia que se fez ao Capitão Gaspar de Lima, parte que toca dela aos executores, fazer que não escape nenhuma, nem o ouro que das minas vier por quintar

Referência

DOCUMENTOS Históricos. Correspondencia dos Governadores Gerais. 1704-1714. Vol XL. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional. 1938, p.210-211. Disponível em: . Acesso em: .

Créditos

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15/10/1704: Carta para Domingos do Prado de Oliveira, sobre a tomadia que se fez ao Capitão Gaspar de Lima, parte que toca dela aos executores, fazer que não escape nenhuma, nem o ouro que das minas vier por quintar

Recebi a carta de Vossa mercê de 2 de Agosto deste ano, em que me dá conta de se haver feito tomadia de uma boiada ao Capitão Gaspar de Lima, que ia para as minas, para o qual efeito dera Vossa mercê toda ajuda que lhe pediram, em observância das minhas ordens, o Capitão Manuel Francisco, pai de Vossa Mercê, e o Capitão-mor Atanásio de Serqueira Brandão, sem embargo de lhes não haver ainda dado a minha carta, o Capitão João Freire, no que mostrou V. Mercê bem o zelo com que se emprega no serviço de Sua Majestade, que Deus guarde, em que espero continue de maneira, que tendo sempre, como agora, o meu agradecimento, mereça ao dito (a quem hei de fazer presente este particular serviço que lhe faz) as mercês, que justamente deve esperar da sua real grandeza: pois é tão importante a execução das suas reais ordens, que não consistem menos, que na conservação deste Estado, e aumento dos moradores dele, e do contrário, experimentar-se a última ruina que a todos está ameaçando, com se lhe tirarem os escravos para as minas, dos quais depende, manifestamente todo o benefício das lavouras que produz, e na sua falta, perderem-se os Engenhos, canaviais, tabacos, e fazendas de gados, que é o de que se compõem os cabedais do Brasil, em que V. Mercê não deve ser o menos interessado. Entendo que o dito Capitão João Freire, não faltará a entregar a Vossa Mercê a minha carta, para que Vossa mercê execute tudo como nela lhe ordeno, sobre as tomadias de todos os comboios que forem para as minas, e delas vierem para os Sertões desta Capitania: advertindo a Vossa Mercê, que tenho notícia, de que vem das ditas minas muito ouro por quintar, e como até agora não se tomou nenhum, convem muito ter Vossa mercê tambem neste particular toda a vigilância, por ser mui prejudicial à Real Fazenda de Sua Majestade aquele descaminho.

Ao Capitão-mor Atanásio Serqueira escrevo, que da importância da tomadia que se fez, lhe toca a metade para se repartir entre os executores dela, como é justo, em que Vossa Mercê tem a parte que lhe toca; a qual tirarão lá, visto estar feita a execução, e liquido o rendimento: e que a outra metade remeta com toda a segurança a esta cidade, a entregar à ordem do Provedor-mor da Fazenda Real para mandar pôr a sua importância em arrecadação. Estimarei que daquí em diante se aplique Vossa Mercê nesta diligência com tal cuidado, e atividade qeu não escape cousa alguma: e esteja certo que em tudo o que valer para os seus acrescentamentos, me há de achar com boa vontade. Deus guarde a Vossa Mercê. Baía e Outubro 15 de 1704.

Dom Rodrigo da Costa

 
Fabio Paiva Reis
Fabio Paiva Reis
Fabio é capixaba, natural de Vitória. Historiador, fez doutorado na Universidade do Minho, em Portugal, e se especializou em História do Espírito Santo Colonial. Fundou este site em 2015 e, no ano seguinte, foi premiado no edital de Educação Patrimonial da Secretaria do Estado da Cultura do Espírito Santo. Hoje é professor de História no Instituto Federal do Espírito Santo - Campus São Mateus.

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