Referência

Carta da navigar per le isole novamente trovate in la parte de l'India (Planisfério de Cantino). ca. 1502. 1 carta : color., fixado; 105 x 225 cm em uma caixa 17 x 107 x 19 cm. Disponível em: . Acesso em: .

Créditos

Gallerie Estensi

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Planisfério de Cantino (1502)

O planisfério de Cantino é uma das mais antigas cartas náuticas que representam os descobrimentos marítimos portugueses. Recebeu seu nome de Alberto Cantino, que o obteve clandestinamente em Portugal, em 1502, enviando-o a seu empregador, o duque de Ferrara, na Itália. O seu original conserva-se, atualmente, na Biblioteca Estense, em Módena, na Itália.

O planisfério de Cantino é, na verdade, uma cópia de uma carta de grandes dimensões, baseada no chamado padrão real, que pendia na sala das cartas na Casa da Guiné e da Mina, em Lisboa, órgão que administrava a exploração e a colonização dos novos territórios. Existe a hipótese de que Cantino haja subornado um cartógrafo português ou um ilustrador italiano para que lhe tenha feito uma cópia. De acordo com a historiografia em História do Brasil, ele pagou pela cópia doze ducados de ouro, tendo obtido lucro ao remeter a carta ao duque de Ferrara, pois cobrou-lhe vinte ducados. O ano de realização desta cópia, 1502, está estabelecido com segurança, a partir de uma carta do próprio Cantino, datada de 19 de novembro desse ano, endereçada ao duque de Ferrara, na qual menciona que a carta se encontra com um de seus agentes em Gênova. Duarte Leite cotejou as datas de partida e de chegada, assim como os roteiros, das frotas portuguesas que singravam o Atlântico Sul no período, com os dados apresentados no mapa, concluindo pela data de criação do mapa em outubro de 1502. A inscrição mais recente na carta é a menção ao desaparecimento de Gaspar Corte-Real, reportado em outubro de 1501; a carta contém igualmente detalhes desconhecidos até ao retorno da terceira frota portuguesa de João da Nova, entre 11 e 13 de setembro de 1502.

Se esta carta pode ajudar os italianos em seu conhecimento do mundo, por lhes revelar muitos territórios até então desconhecidos para eles, ela ficou obsoleta já nos meses seguintes, face às contínuas observações cartográficas das viagens portuguesas. Não obstante, a sua importância no intercâmbio de informações comerciais ítalo-portuguesas não deve ser completamente negligenciada, uma vez que esta carta deu aos italianos o conhecimento da existência do litoral do Brasil e de uma parcela expressiva do litoral atlântico da América do Sul com uma antecipação bastante grande sobre as demais nações europeias, permitindo-lhe usufruir de vantagens comerciais.

As informações geográficas disponibilizadas pelo planisfério de Cantino foram incluídas no Planisfério de Cavério, desenhado logo após o retorno de Alberto Cantino à Itália. Este último, por sua vez, serviu como referência para a elaboração do Planisfério de Waldseemüller de 1507 graças ao mecenato de René II, duque da Lorena.

O mapa perdeu-se em algum momento de sua história até que, em um dia de 1859, o diretor da Biblioteca Estense em Módena, na Itália, Giuseppe Boni, entrou em uma salsicharia. Enquanto aguardava o atendimento, ao examinar o estabelecimento, os seus olhos pousaram em um antigo pergaminho desenhado, que lhe chamou a atenção, adquirindo-o. Um exame mais cuidadoso revelou tratar-se de uma das mais antigas cartas conhecidas onde figuram a costa do Brasil e a linha de Tordesilhas.

 

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